Santa Casa, Misericórdia!
Em teu ventre fiquei,
por um tempo que não desejei.
Horas, dias, sem dimensão,
conviver com você parece um século.
Teu corpo imóvel, retilíneo
me detinha com estranho afeto,
por um longo tempo me gerando,
como se fosse seu feto.
Abrigas em teu corpo
vidas, almas, sortes, desgraças e fim.
Teu cliente pode ser qualquer um.
A hora chega e você é o refúgio.
Lugar certo para as incertezas.
Teu leito é a saída ou apenas o limiar.
A hora e o agora podem ser o último.
A espera, daqui a pouco,
é a porta ou a pedra.
Trabalhas com vida e morte,
com a simplicidade de quem é íntimo
e as vezes não ligas
para o que no ventre levas.
Casa, enquanto me recebe
Santa, quando estou de saída
Misericordiosa, quando me protege
e me devolve para a vida.
domingo, 13 de abril de 2008
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