Em uma da reunião da Executiva do Partido dos Trabalhadores, com o Prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber, realizado na Fundação Zumbi dos Palmares, me veio à lembrança a minha última viagem que fiz a Portugal e a Grécia, para participar de Congressos de Trabalhadores Telefônicos, pela IPCTT (Internacional de Trabalhadores em Correios e Telefonia).
Chegando à Lisboa, em uma sexta-feira, com a devida antecedência para participar, já à partir da próxima segunda-feira do Congresso, ficamos hopedado no Hotel Holliday In, no centro novo da capital portuguesa, bem em frente ao Campo do Sporting Lisboa, onde tivemos o prazer de encontrar o jogador Branco, tetra-campeão pelo Brasil, à época jogando em Portugal.
Além das conversas animadas e até acirradas com companheiros argentinos sobre futebol, no saguão do hotel, para sabeer quem foi melhor, Maradona ou Pelé, um fato interessante nos ocorreu naquela noite de de folga, na terra do Cabral, o outro.
Por sugestão do nosso anfitrião José Rodrigues, também trabalhador telefônico, fomos aconselhados a nos deslocarmos até o centro histórico de Lisboa, para conhecermos um pouco da história portuguesa. Confesso que além dos castelos, Portugal, mais precisamente Lisboa muito parece com o centro velho do Rio de Janeiro. Mas no percurso, um fato interessante ficou registrado na nossa memória.
Ainda por sugestão do José Rodrigues, fomos todos de metrô. No caminho, o primeiro embaraço. Quando nos aproximamos de uma autopista, esse é o nome que eles dão às suas ruas, paramos ao lado dela. Também os carros que vinham em nossa direção, também pararam. Olhamos e não vimos nenhum sinal. Ficamos indecisos, mas puxados pelo patricio, atravessamos calmamente a autopista. Quando chegamos ao Centro Histórico de Lisboa, ao saborear um bom e velho vinho, indagamos a respeito. Ele nos informou que em Portugal era assim mesmo, quando os pedestres tocavam com os pés a autopista, os carros paravam para que a gente passasse.
Todavia, ainda a caminho para o centro de Lisboa, um fato mais importante nos impressionou. Não que o metrô de Portugal fosse diferente, não. Lá também fica em baixo terra. No entanto, quando descemos até a Estação próxima ao Estádio do Sporting, nos supreendemos. Não haviam aquelas roletas, como temos no Rio de Janeiro e São Paulo. Era uma escadaria, com mais ou menos um 50 metros. Fomos quase atropelados por uma portuguesada que, em desabalada corrida, desceu os seus degraus e entraram no trem que acabara de chegar. A princípio ficamos assustamos, mas o José Rodrigues nos apontou um peque guiche, onde deveríamos comprar os nossos bilhetes. E pensei comigo. Se fosse no Brasil, os caras levariam até o trem.
Logo estávamos em uma velha hospedagem, onde para variar, pedimos bacalhou e vinho. Durante o jantar, o José Rodrigues nos contou. Aquilo que vimos no metrô era comum em Portugal, que naquela época acabara de ser preparado, com grandes investimentos, para entrar no Mercado Comum Europeu. Aqueles portugueses que vimos invadirem o metrô, tinham credenciais para o mês todo e era assim mesmo. No entanto, aleatóriamente, de vez em quando, um daqueles comboios eram desviados para uma linha auxiliar e uma inspeção federal acontecia. Quem não estivesse com a credencial ou com o bilhete, era cadastrado negativamente e não poderia usar mais o metrô em território português. E, se fosse apanhado pela segunda vez, era prisão sem direito à fiança.
Todavia, aquele procedimento cidadão dos seus patricios não era de agora, havia sido começado com o Presidente Augusto Salazar, nos idos 1940 a 1950. O nosso companheiro telefônico nos contou que o Salazar, quando ocupou a Presidência de Portugal, que tinha uma administração muito parecida com a que temos aqui no Brasil, resolveu verificar, por si mesmo, a quanto andava a administração do bem público português. O que ele fez. Travestiu-se de uma pessoa simples do povo, um pouco escorraçada, quase um mendigo e foi verificar o atendimento do funcionalismo público.
Ao chegar as 8 horas da manhã à Caixa de Pecúlio, que corresponde ao nosso INSS, ele aguardou na fila da Agência, até às 10 horas, horário em que a Chefe da Agência chegou para trabalhar. Como era o primeiro da fila, foi logo indagando da funcionária:
- Por que a senhora chegou às 10, se o horário de abertura da agência era às 8 horas?
A funcionária respondeu ao ancião de forma ríspida:
- Não é da sua conta. Se o senhor quer ser atendido, me diga o que queres?
Sem se alterar, o " velhinho" prosseguiu:
- Não, eu quero saber da senhora por que chegastes às 10, se o seu horário é às 8horas.
Mais irritada ainda, a moça retribuiu.
Olha, senhor, eu não estou aqui para brincadeira, se o senhor não quer nada, dê o lugar para outra pessoa. E logo se dirigiu ao segunda fila:
- Me dá licença, e o senhor o que deseja.
Mas o velhinho, impediu o atendimento e disse para a moça:
- Olha aqui, minha senhora, me deixa comunicar uma coisa, a partir de amanhã, a senhora e todos os funcionários deste posto estarão demitidos.
A senhora rindo, solicitou ao segundo da fila:
- E o senhor o que quer, eu não tenho tempo a perder.
O fato se confirmou, no dia seguinte, todos os funcionários daquela Agência foram demitidos. Aí, contou-nos o companheiro José Rodrigues, criou-se um pavor em toda a Portugal, com medo de que o "velhinho" pudesse aparecer em uma das filas de atendimento do serviço público.
Esta história nós contamos para o Sr. Prefeito, naquele encontro na Zumbi dos Palmares. Dissemos para ele que ele não precisava imitar o Salazar, mas que melhorasse a sua interlocução com a sociedade, totalmente abafada pelos seus assessores, que impediam que ele ouvisse as vozes roucas da rua que diziam que ele era um péssimo Prefeito. Certamente que ele deve ter imaginado que nós éramos algum companheiro idiota e que vivíamos no mundo da lua.
5 dias depois deste encontro, aconteceu o fatídico 11 de março, onde a Polícia Federal e o Ministério Público Federal efetivaram a operação Telhado de Vidro.
Chegando à Lisboa, em uma sexta-feira, com a devida antecedência para participar, já à partir da próxima segunda-feira do Congresso, ficamos hopedado no Hotel Holliday In, no centro novo da capital portuguesa, bem em frente ao Campo do Sporting Lisboa, onde tivemos o prazer de encontrar o jogador Branco, tetra-campeão pelo Brasil, à época jogando em Portugal.
Além das conversas animadas e até acirradas com companheiros argentinos sobre futebol, no saguão do hotel, para sabeer quem foi melhor, Maradona ou Pelé, um fato interessante nos ocorreu naquela noite de de folga, na terra do Cabral, o outro.
Por sugestão do nosso anfitrião José Rodrigues, também trabalhador telefônico, fomos aconselhados a nos deslocarmos até o centro histórico de Lisboa, para conhecermos um pouco da história portuguesa. Confesso que além dos castelos, Portugal, mais precisamente Lisboa muito parece com o centro velho do Rio de Janeiro. Mas no percurso, um fato interessante ficou registrado na nossa memória.
Ainda por sugestão do José Rodrigues, fomos todos de metrô. No caminho, o primeiro embaraço. Quando nos aproximamos de uma autopista, esse é o nome que eles dão às suas ruas, paramos ao lado dela. Também os carros que vinham em nossa direção, também pararam. Olhamos e não vimos nenhum sinal. Ficamos indecisos, mas puxados pelo patricio, atravessamos calmamente a autopista. Quando chegamos ao Centro Histórico de Lisboa, ao saborear um bom e velho vinho, indagamos a respeito. Ele nos informou que em Portugal era assim mesmo, quando os pedestres tocavam com os pés a autopista, os carros paravam para que a gente passasse.
Todavia, ainda a caminho para o centro de Lisboa, um fato mais importante nos impressionou. Não que o metrô de Portugal fosse diferente, não. Lá também fica em baixo terra. No entanto, quando descemos até a Estação próxima ao Estádio do Sporting, nos supreendemos. Não haviam aquelas roletas, como temos no Rio de Janeiro e São Paulo. Era uma escadaria, com mais ou menos um 50 metros. Fomos quase atropelados por uma portuguesada que, em desabalada corrida, desceu os seus degraus e entraram no trem que acabara de chegar. A princípio ficamos assustamos, mas o José Rodrigues nos apontou um peque guiche, onde deveríamos comprar os nossos bilhetes. E pensei comigo. Se fosse no Brasil, os caras levariam até o trem.
Logo estávamos em uma velha hospedagem, onde para variar, pedimos bacalhou e vinho. Durante o jantar, o José Rodrigues nos contou. Aquilo que vimos no metrô era comum em Portugal, que naquela época acabara de ser preparado, com grandes investimentos, para entrar no Mercado Comum Europeu. Aqueles portugueses que vimos invadirem o metrô, tinham credenciais para o mês todo e era assim mesmo. No entanto, aleatóriamente, de vez em quando, um daqueles comboios eram desviados para uma linha auxiliar e uma inspeção federal acontecia. Quem não estivesse com a credencial ou com o bilhete, era cadastrado negativamente e não poderia usar mais o metrô em território português. E, se fosse apanhado pela segunda vez, era prisão sem direito à fiança.
Todavia, aquele procedimento cidadão dos seus patricios não era de agora, havia sido começado com o Presidente Augusto Salazar, nos idos 1940 a 1950. O nosso companheiro telefônico nos contou que o Salazar, quando ocupou a Presidência de Portugal, que tinha uma administração muito parecida com a que temos aqui no Brasil, resolveu verificar, por si mesmo, a quanto andava a administração do bem público português. O que ele fez. Travestiu-se de uma pessoa simples do povo, um pouco escorraçada, quase um mendigo e foi verificar o atendimento do funcionalismo público.
Ao chegar as 8 horas da manhã à Caixa de Pecúlio, que corresponde ao nosso INSS, ele aguardou na fila da Agência, até às 10 horas, horário em que a Chefe da Agência chegou para trabalhar. Como era o primeiro da fila, foi logo indagando da funcionária:
- Por que a senhora chegou às 10, se o horário de abertura da agência era às 8 horas?
A funcionária respondeu ao ancião de forma ríspida:
- Não é da sua conta. Se o senhor quer ser atendido, me diga o que queres?
Sem se alterar, o " velhinho" prosseguiu:
- Não, eu quero saber da senhora por que chegastes às 10, se o seu horário é às 8horas.
Mais irritada ainda, a moça retribuiu.
Olha, senhor, eu não estou aqui para brincadeira, se o senhor não quer nada, dê o lugar para outra pessoa. E logo se dirigiu ao segunda fila:
- Me dá licença, e o senhor o que deseja.
Mas o velhinho, impediu o atendimento e disse para a moça:
- Olha aqui, minha senhora, me deixa comunicar uma coisa, a partir de amanhã, a senhora e todos os funcionários deste posto estarão demitidos.
A senhora rindo, solicitou ao segundo da fila:
- E o senhor o que quer, eu não tenho tempo a perder.
O fato se confirmou, no dia seguinte, todos os funcionários daquela Agência foram demitidos. Aí, contou-nos o companheiro José Rodrigues, criou-se um pavor em toda a Portugal, com medo de que o "velhinho" pudesse aparecer em uma das filas de atendimento do serviço público.
Esta história nós contamos para o Sr. Prefeito, naquele encontro na Zumbi dos Palmares. Dissemos para ele que ele não precisava imitar o Salazar, mas que melhorasse a sua interlocução com a sociedade, totalmente abafada pelos seus assessores, que impediam que ele ouvisse as vozes roucas da rua que diziam que ele era um péssimo Prefeito. Certamente que ele deve ter imaginado que nós éramos algum companheiro idiota e que vivíamos no mundo da lua.
5 dias depois deste encontro, aconteceu o fatídico 11 de março, onde a Polícia Federal e o Ministério Público Federal efetivaram a operação Telhado de Vidro.
A partir de Janeiro, uma nova Prefeita está eleita. Daqui ficamos a torcer pelo seu sucesso na sua gestão que certamente será o sucesso da nossa população. A reedição dessa matéria que fiz há algum tempo, é no sentido que a nova Prefeita estabeleça uma interlocução com a sociedade, numa verdadeira agenda propositiva de caminhada junto com os outros Partidos Políticos que não estavam na sua aliança, com sindicatos, associações de moradores, OAB, Igrejas, enfim toda a Sociedade Civil Organizada, mas sem aquele toma lá da cá de "convênios", apadrinhamentos, cargos na administração pública e outras ações que adoentaram essa relação.
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